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Minas Gerais guarda uma combinação rara: cidades históricas impecáveis, natureza monumental, arte de vanguarda e uma cozinha afetiva que abraça o visitante. Além disso, o estado costura o Brasil desde o período colonial, portanto, cada trajeto revela capítulos importantes da nossa formação. Nesse sentido, viajar por Minas não se resume a tirar fotos de igrejas ou cachoeiras; pelo contrário, a jornada envolve ouvir sinos centenários, provar receitas de tacho e caminhar por estradas que ainda hoje ecoam passos de tropeiros e mineradores. Assim, você encontra abaixo um roteiro abrangente, com fatos e curiosidades, o peso cultural de cada destino e, claro, o que comer para viver a experiência completa.
1) Ouro Preto – barroco monumental e memória de liberdade
Ouro Preto nasceu no final do século XVII quando bandeirantes encontraram ouro nas encostas. Logo, a cidade cresceu em meio a ladeiras de pedra, ateliês e irmandades religiosas. Aleijadinho e Mestre Ataíde deixaram obras que ainda hoje emocionam. Além disso, a Inconfidência Mineira ganhou força ali, e o museu homônimo preserva documentos e objetos do movimento.
Curiosidade: Ouro Preto recebeu o primeiro título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido a uma cidade brasileira. Por isso, o conjunto urbano virou referência mundial de preservação.
O que comer: frango com quiabo e angu, feijão-tropeiro, pastel de angu de Itabirito (vizinha), broa de fubá e doces de tacho. De sobremesa, goiabada cascão com queijo Minas dá o tom do clássico “Romeu e Julieta”.
2) Mariana – primeira capital e música sacra refinada
Mariana nasceu como sede administrativa da Capitania. Desse modo, a cidade guarda palácios, minas auríferas visitáveis e a belíssima Catedral da Sé. Além disso, o acervo de órgãos históricos e partituras dá fama ao Museu da Música. Por isso, concertos sacros emocionam moradores e visitantes ao longo do ano.
O que comer: angu à mineira com couve, frango ao molho pardo, quitandas de milho e roscas de canela. Para acompanhar, café coado no coador de pano fecha a experiência.
3) Sabará – jabuticaba, igrejas singelas e quintais perfumados
A poucos quilômetros da capital, Sabará preserva a Igreja de Nossa Senhora do Ó, famosa pelo interior azul e branco. Além disso, a cidade celebra a Festa da Jabuticaba, quando quintais e praças viram feira de compotas, licores e geleias. Consequentemente, o aroma da fruta domina o centro histórico.
O que comer: compotas de jabuticaba, biscoitos de polvilho e angu com quiabo. De quebra, peça cachaça artesanal da região.
4) Congonhas – os Profetas de Aleijadinho e a força da fé
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos surpreende por suas capelas dos Passos e pelos 12 Profetas talhados em pedra-sabão. Além disso, as romarias seguem ativas e mantêm tradições seculares. Assim, o conjunto reforça a devoção popular e a genialidade do barroco mineiro.
O que comer: canjiquinha com costelinha, lombo com ora-pro-nóbis e doces de leite em tacho. Depois, café forte para fechar a refeição.
5) Tiradentes – charme colonial e cozinha autoral
Tiradentes combina ruas preservadas, ateliês e uma agenda cultural vibrante. Sobretudo, o Festival de Gastronomia coloca chefs e cozinheiras tradicionais lado a lado, portanto, a cidade se tornou vitrine da culinária mineira contemporânea. Além disso, a maria-fumaça que liga Tiradentes a São João del-Rei encanta famílias o ano inteiro.
O que comer: galinhada com pequi (quando a safra chega do Cerrado), leitão à pururuca, angu cremoso, ora-pro-nóbis refogadinho e cervejas artesanais locais.
6) São João del-Rei – sinos falantes e artes sacras
Os sinos de São João ainda hoje “conversam”: os toques informam festas, enlutados e procissões. Além disso, a cidade preserva igrejas belíssimas e um casario que revela a riqueza do ouro. Por isso, o passeio de trem a vapor vira programa obrigatório.
O que comer: lombo com tutu, feijão-tropeiro e o famoso rocambole de Lagoa Dourada nas redondezas. Para petiscar, torresmo sequinho com limão.
7) Diamantina – Vesperata, diamantes e poesia
No século XVIII, garimpeiros encontraram diamantes e criaram uma cidade musical. Aliás, a Vesperata transforma as sacadas dos sobrados em palcos para bandas e corais. Consequentemente, a música toma as ruas em noites inesquecíveis. Além disso, a Casa de JK narra a infância do presidente.
O que comer: pastel de angu, feijão-tropeiro, carne de sol com mandioca e doces cristalizados. E, claro, cachaças aromáticas do Vale do Jequitinhonha.
8) Serro – queijo com identidade e serenidade serrana
Serro guarda um conjunto urbano gracioso e um produto que dá orgulho: o Queijo do Serro, com sabor herbáceo e casca fina. Por isso, viajantes incluem a cidade nas rotas do queijo. Além disso, festas religiosas e bandas de coreto mantêm o calendário ativo.
O que comer: queijo do Serro em diferentes maturações, canjiquinha cremosa e ora-pro-nóbis. Para arrematar, doce de leite puxa-puxa.
9) Estrada Real – caminhos que costuram histórias
A Estrada Real liga Minas ao litoral fluminense e ao interior paulista por rotas como Caminho Velho, Novo, dos Diamantes e de Sabarabuçu. Desse modo, o viajante percorre marcos de mineração, pousos e vilas. Além disso, passaportes turísticos carimbam a jornada e estimulam o turismo responsável.
O que comer: comida tropeira (feijão, farinha de milho, carne de sol), rapadura, queijos e cachaças de alambique. Ao longo do caminho, cada cidade oferece uma versão carinhosa dessas receitas.
10) Belo Horizonte – bares criativos e patrimônio moderno
A capital nasceu planejada no fim do século XIX. Desde então, BH mistura praça arborizada, vida cultural e o apelido de capital dos bares. Por outro lado, o conjunto moderno da Pampulha, assinado por Niemeyer com jardins de Burle Marx, elevou a cidade a referência arquitetônica. A UNESCO reconheceu o conjunto em 2016; assim, BH entrou na rota mundial do modernismo.
O que comer: Mercado Central com pão de queijo, fígado com jiló, queijos artesanais (Canastra, Serro e Araxá), doces de tacho e café especial. Em volta dos estádios e da Pampulha, petiscos com torresmo e cerveja artesanal dominam os encontros.
11) Inhotim (Brumadinho) – arte contemporânea em parque-jardim
Inhotim combina pavilhões de arte com um jardim botânico exuberante. Dessa forma, você encontra instalações imersivas e lagos onde a natureza conversa com a obra. Além disso, a curadoria traz artistas brasileiros e estrangeiros, portanto, o instituto figura entre os maiores museus a céu aberto do planeta.
O que comer: feijão-tropeiro, costelinha, saladas de hortas locais e sorvetes artesanais. Para beber, sucos de frutas do Cerrado e cafés mineiros premiados.
12) Serra do Cipó – trilhas floridas e cachoeiras cenográficas
A Serra do Cipó reúne cânions, piscinas naturais e campos rupestres repletos de flores. Por isso, a região ganhou o apelido de “Jardim do Brasil”. Além disso, práticas como trekking, mountain bike e observação de aves atraem visitantes o ano inteiro.
O que comer: truta grelhada, queijos de fazendas próximas, mel de flores do campo e biscoito de queijo assado na hora. Depois do passeio, um caldo de mandioca cai perfeito.
13) Parque Estadual do Ibitipoca – pedra, luz e horizontes longos
Em Lima Duarte, o Ibitipoca exibe mirantes fotogênicos, grutas, escarpas e a Janela do Céu, que derrama sua lâmina d’água sobre o vale. Além disso, pousadas rústicas e cafés autorais embalam o clima de montanha.
O que comer: trutas com ervas, queijos maturados e pães de fermentação natural. Para esquentar, cachaça envelhecida de pequenos alambiques.
14) Parque Nacional da Serra da Canastra – berço do São Francisco
Na Canastra, o Velho Chico nasce e desce a serra em quedas cinematográficas, como a Casca d’Anta. Portanto, o parque combina aventura e contemplação. Além disso, criadores produzem o lendário Queijo Canastra, hoje reconhecido e premiado.
O que comer: queijo Canastra jovem e curado, doce de leite cremoso, carne de lata, pão de queijo bem amanteigado e café do Cerrado mineiro. Para levar, mel de abelhas nativas.
15) Capitólio e Lago de Furnas – cânions esmeralda e passeios de lancha
Capitólio surpreende com paredões rochosos que encontram o lago verde de Furnas. Assim, mirantes e trilhas completam o cenário. Além disso, passeios de lancha revelam cachoeiras “escondidas” e quedas que despencam nos cânions.
O que comer: tilápia empanada, traíra sem espinha, peixes assados na brasa, queijos e doces da região. De bebida, caipirinhas com frutas de época.
16) Santuário do Caraça – natureza, história e lobo-guará
Entre Catas Altas e Santa Bárbara, o Caraça reúne um antigo colégio e um santuário encravados na Serra do Espinhaço. À noite, o lobo-guará costuma visitar o pátio, por isso, observadores de fauna lotam o adro com cautela e silêncio. Além disso, trilhas e cachoeiras completam a experiência.
O que comer: refeições simples em estilo monástico, pães caseiros, bolos de milho e compotas. Para petiscar, queijo fresco com doce.
17) Rota das Grutas Peter Lund – ciência, ossadas e cavernas
Cordisburgo abriga a Gruta de Maquiné, Sete Lagoas guarda a Gruta Rei do Mato, e Lagoa Santa apresenta a Gruta da Lapinha. O naturalista dinamarquês Peter Lund estudou fósseis na região no século XIX e inaugurou a paleontologia brasileira. Assim, a rota une aventura, ciência e beleza geológica.
O que comer: em Cordisburgo, prove o tradicional pão de queijo de tabuleiro; em Sete Lagoas, aposte na linguiça artesanal com mandioca; em Lagoa Santa, peça peixes de rio e doces de leite. De todo modo, café coado aparece em cada esquina.
18) Circuito das Águas do Sul de Minas – fontes, caldas e tradição
Caxambu, São Lourenço, Cambuquira e Lambari formam um circuito de fontes minerais com parques bem cuidados e engarrafadoras centenárias. Além disso, hotéis antigos preservam salões e coretos onde famílias passeiam ao entardecer. Consequentemente, o clima de nostalgia conquista gerações.
O que comer: roscas de nata, biscoito de polvilho, queijos suaves, doces de leite e cafés do Sul de Minas. Para beber, água naturalmente gaseificada direto das fontes.
19) Poços de Caldas – crateras vulcânicas, termas e teleférico
Poços ocupa a borda de uma antiga caldeira vulcânica. Por isso, águas termais quentinhas alimentam balneários muito procurados. Além disso, o Cristo Redentor local, o teleférico e a Pedra Balão rendem passeios familiares.
O que comer: doce de leite cremoso, queijos da serra, goiabadas e o clássico sanduíche de pernil com pimenta curtida. Para o lanche, pão de batata com requeijão.
20) Araxá – termas elegantes e lendas de Dona Beja
O Grande Hotel e Termas de Araxá impressiona pela arquitetura. Além disso, spas com águas medicinais e lama negra atraem quem busca bem-estar. Por outro lado, a figura de Dona Beja inspira roteiros históricos.
O que comer: queijo Araxá, doces de leite, empadão goiano-mineiro de influência do Cerrado e pães de queijo fofinhos. De quebra, experimente licor de pequi.
21) Monte Verde (Camanducaia) – inverno brasileiro com sotaque mineiro
No alto da Mantiqueira, Monte Verde oferece friozinho, trilhas e lareiras. Assim, casais lotam pousadas no outono e no inverno. Além disso, fábricas de chocolate e lojas de artesanato completam o cenário.
O que comer: fondue com queijos mineiros, trutas ao forno, caldos cremosos de mandioca e pinhão no azeite. Para aquecer, chocolate quente com canela.
22) Governador Valadares e Parque Estadual do Rio Doce – voo livre e lagos
O Pico da Ibituruna virou referência mundial em asa-delta e parapente. Enquanto isso, o Parque Estadual do Rio Doce protege a maior área contínua de Mata Atlântica de Minas, com dezenas de lagoas. Assim, natureza e esporte se encontram no Vale do Aço.
O que comer: tropeiro bem temperado, queijo curado, carne de sol com mandioca e doce de banana caramelizado. No fim do dia, caldo de feijão com torresmo faz sucesso.
23) Triângulo Mineiro e Cerrado – café premiado e ExpoZebu
No Triângulo, Uberaba promove a ExpoZebu e reforça a pecuária de corte. Além disso, municípios como Patrocínio e Araxá participam da Denominação de Origem do Cerrado Mineiro, que chancela cafés com rastreabilidade e sabor consistente. Portanto, o visitante encontra fazendas abertas à visitação e cafeterias especializadas.
O que comer: pamonha, queijo curado, churrasco bem passado, pão de queijo crocante e doces de leite. Para harmonizar, cafés especiais com notas de chocolate e nozes.
24) Lavras Novas e distritos de Ouro Preto – serra, artes e hospitalidade
Lavras Novas, a poucos quilômetros de Ouro Preto, mistura trilhas, ateliês e restaurantes aconchegantes. Além disso, outras vilas do entorno guardam capelas pequenas e festas de santos, por isso, vale reservar dias extras para essa região.
O que comer: truta com amêndoas, canjiquinha cremosa, torresmo pururuca e cachaças de alambique fininhas. Para adoçar, ambrosia e doce de abóbora com coco.
25) Pampulha, Lagoa e Estádio – modernismo de portas abertas
Voltando a BH, a Pampulha reúne a Igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Iate Tênis Clube e o antigo Cassino. JK convidou Niemeyer; Niemeyer desenhou curvas livres; consequentemente, o conjunto virou aula de modernismo ao ar livre. Além disso, a orla da lagoa recebe corridas, museus e jardins.
O que comer: petiscos de bar, sanduíches de pernil, bolinho de feijoada e churros de doce de leite. No Mercado Novo, a cena jovem serve queijos maturados, cafés e drinques autorais.
26) Itacolomi e rota das minas – montanha-símbolo e paisagens abertas
Entre Ouro Preto e Mariana, o Parque Estadual do Itacolomi apresenta o pico que guiava tropeiros. Dessa maneira, quem sobe observa o mar de morros que inspirou poetas e pintores. Além disso, trilhas leves permitem famílias com crianças.
O que comer: frango caipira com polenta de fubá de moinho d’água, couve na manteiga e doce de leite de colher. Para levar, broas assadas no forno a lenha.
27) Vale do Jequitinhonha – barro, canto e resistência cultural
O vale abriga ceramistas que moldam bonecas e moringas reconhecidas no mundo. Além disso, feiras e festivais celebram cantigas e danças tradicionais. Portanto, visitar o Jequitinhonha significa apoiar um Brasil profundo e criativo.
O que comer: carne de sol com mandioca, paçoca de carne pilada, biscoitos de goma e rapaduras. Para refrescar, sucos de umbu e tamarindo quando a safra permite.
Por que tudo isso importa para a cultura nacional?
Minas atuou como laboratório de poder, arte e trabalho desde o século XVIII. Assim, o barroco mineiro moldou nossa estética; a mineração financiou palácios, mas também gerou rebeliões; as estradas conectaram regiões; os quintais ensinaram o valor do fogão a lenha. Além disso, a cozinha mineira virou símbolo do cuidar: ela une mesa farta, conversa longa e ingredientes do roçado. Consequentemente, cidades, parques e museus de Minas servem de ponte entre passado e futuro. Sobretudo, a preservação desses lugares garante que novas gerações entendam quem somos e de onde viemos.
Dicas práticas para organizar a viagem
- Monte eixos por região. Por exemplo, combine Ouro Preto, Mariana, Sabará e Congonhas; em outro bloco, junte Tiradentes, São João e Bichinho; em um terceiro, foque BH, Pampulha e Inhotim.
- Intercale cidade histórica e natureza. Assim, o corpo descansa entre ladeiras.
- Prove receitas em modo local. Sempre que possível, peça queijos com indicação de origem e cachaças de alambique identificadas.
- Respeite ritmos e moradores. Portanto, fotografe com delicadeza, use sacolas retornáveis e priorize guias credenciados.
Conclusão: Minas, um país dentro do país
Minas Gerais não cabe em uma única viagem. Ainda assim, cada volta ao estado rende novas descobertas. De um lado, igrejas que brilham em ouro e pedra-sabão; de outro, cânions, trilhas e nascentes que lembram a força da natureza; no meio, mercados, feiras e mesas que oferecem pão de queijo quentinho, quitandas perfumadas e cafés premiados. Por isso, quem visita uma vez costuma voltar. E, quando volta, reconhece que a cultura mineira vive não só nos monumentos, mas também nas pessoas que abrem a porta, colocam o café para passar e dizem: “senta, proseia e come mais um bocadim”. Visite Minas Empório e saiba mais sobre como empreender com um negócio lucrativo representando essa cultura maravilhosa.